Escritora Thailane Nascimento

Neste blog você encontrará resenhas de livros, filmes. Aprenderá sobre Física, Filosofia, Religião, entre outros assuntos.

O homem e a mulher dos subúrbios ocultos e esquecidos, ou quiçá dos grupos atoleimados da aglomeração social, indivíduos raquíticos e atabalhoados, com suas línguas viperinas e rebaixadas de tal forma que, mesmo o poço mais fundo e sombrio não é o suficiente para descrevê-las. Vivem no lamento das esperanças utópicas e de truanices de todas as formas e tamanhos, trabalham, entretanto, alguns, em suas vidas ordinárias imersos num infinito labirinto de vidro, nascem, crescem, reproduzem-se, e morrem. Nas famílias mais sucedidas, não há escritas, nem testamentos, nem mais emblemas de família, o chão sobre o qual andam parece estar parado. O céu o qual contemplam é um eterno retorno de nimbos de todos os tipos, de ventos de todas as formas. Só encontram consolo num frontispício de algum templo qualquer, ou na tela colorida da televisão ali no divã, ou mesmo num assento da taberna, com seus copos de cerveja e suas espumas, com homens e mulheres aqui e ali, perambulando, regredindo ao lar na hora do rush, com seus brinquedos e seus motores, propagando sua imagem e alimentando o narcisismo glutônico. Para onde vão seus libidos? (...) Para deuses, faltam-lhes apenas a inteligência... Mas quem é a mulher, ou o próprio homem, sem sua sapiência? Um montão de átomos que se aglomeram, formando tecidos, órgãos e sistemas subordinados por seus genes egoístas e a uma república de outros mil totens? Sem sua sapiência, por muitos milhões de créditos, ou por quantos torrões de terras ou rodas de vento possuam, é comparável ao mais grosseiro dos animais (...) E é nessa vida patética que vivem muitos dos bilhões de seres humanos em todo ponto da Terra. Os mais periféricos, com suas muitas descendências estéreis, servindo apenas para dar continuidade ao drama, condenando a posteridade a vagar por esta orbe, sem o fruto do esforço e o poder da sabedoria, caminham em direção à inutilidade e à ociosidade no vértice da esquina mais próxima, da beira de estrada ou na encosta de uma calçada, falando frivolidades, que, sem emprego devido à baixa escolaridade (consequência imediata da ausência de interesse pela sabedoria) são arrebatados pelos sirocos da vida parva e subterrânea do crime. Seus passos são de um tanto despreocupados, arrastam consigo seu pobre ego em seus chinelos, com seus estrépitos que apontam derrota, cabisbaixos, caminham sem destino, e em meio a gírias e palavrões de todos os tipos, lançam impropérios à suas voltas, embora sejam eles, entretanto, os legítimos donos de sua própria derrota. É necessário mudar os valores e é, portanto, necessário estar acima de todos eles. Daniel Barbosa

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